30 de dezembro de 2016

lagazuoi

Algumas das caminhadas mais emocionantes e exigentes da Alta Via 1, situam-se perto do Passo Falzarego, outra zona de enorme interesse histórico devido à presença de importantes vestígios de batalhas da Primeira Guerra Mundial.

Aqui se fixaram as primeiras vias ferratas de Itália que ajudaram os soldados a movimentar-se com segurança e mais rapidamente pelas montanhas quase verticais do Monte Lagazuoi (2750 m).
Este é o ponto mais alto do percurso da Alta Via 1, de onde é possível aproveitar panorâmicas maravilhosas de perder de vista.

Estava muito entusiasmada com a hipótese de explorar este local e o que sonhei com as vistas do terraço do Refúgio Lagazuoi, reservado para essa noite.
Mas, como sempre, a montanha é que manda e quando chegamos ao Refúgio, depois de apanhar o teleférico desde o Passo Falzarego, as vistas até se iam revezando com os nevoeiros, mas todos os trilhos estavam debaixo de neve.

Excepto um: a famosa Galleria Lagazuoi, um túnel de guerra escavado na rocha, que atravessa a montanha de alto a baixo pelo seu interior.




A caminhada até à entrada da galeria é uma experiência excepcional, pela paisagem em que se insere (que fomos apreciando nuvem sim, nuvem não) e pelas suas características que nos permitem ter uma ideia das dificuldades extremas em que operavam os soldados de ambos os exércitos.

As cicatrizes das batalhas que aqui aconteceram há 100 anos (entre 1915 e 1917) ainda são reconhecíveis, tais como trincheiras, esconderijos, arame farpado e outras relíquias da Primeira Guerra Mundial que podem ser encontradas junto aos troços originais da via ferrata.




Entramos na galeria atravessando uma porta de madeira no topo de uma escarpa que aparentemente não leva a lado nenhum e lentamente vamos descendo os 650m de desnível até ao Passo Falzarego. 
Ao longo da descida encontramos as habituais janelas de snipers, divisões para armazenamento de mantimentos, abrigos e várias ramificações do túnel principal. 






Com o adensar do nevoeiro na via ferrata de Cengia Martini, a paisagem desaparece, e nós damos a mão à palmatória: decidimos cancelar os refúgios marcados, descer à cota zero e apontar agulhas para o Adriático. 

Mas deixamos as Dolomites, já a pensar em agendar um regresso.



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