3 de novembro de 2005

Às COMPRAS na Índia

Para quem gosta de artesanato, de tecidos e cores, a Índia deve ser, teoricamente, um dos melhores sítios que existe para fazer compras! E eu digo teoricamente porque um "bom dia de compras" não é caracterizado apenas por encontrar o melhor sítio, com os melhores preços, e onde existem os melhores artigos capazes de tirar raparigas incautas do sério.

Não... Um "bom dia de compras" também é ficar a olhar para a loja da porta, é entrar se nos apetecer, é ver tudo o que queremos sem ser muito maçadas, perguntar o preço e obter uma resposta e depois, das duas uma: ou sair da loja com um saco cheio de compras e felicidade no coração, ou claro, se nada nos agradar, sair rápida mas educadamente, sem ver aborrecimento na cara do vendedor.


Isto na Índia, é ficção e pura realidade virtual.
Na Índia, só por andarmos na rua já temos os vendedores a chamar a nossa atenção com um "Madame!!" gritado... e isso aumenta exponencialmente se por acaso abrandarmos o passo ou pararmos. Mesmo que a paragem não se deva a nenhuma das apetecíveis mercadorias. Mesmo que tenhamos parado só para tirar uma foto, consultar o mapa ou ver as vistas.

Aparentemente, parecem não se aperceber que este comportamento predatório até lhes é contra-producente porque o primeiro instinto de sobrevivência que se tem quando se pressente a presença destes vendedores-predadores é passar depressa, continuar a andar e não olhar para trás nem para nada.

Mas ok. Supondo que a tal paragem até se deve mesmo à apetecível mercadoria e até vamos entrar numa loja, partindo do princípio que os donos das lojas adjacentes não vão guerrear com o dono da loja sortuda e depois tentar arrastar-nos para a loja deles, iniciamos um ritual com tempo de duração incerto.
Primeiro sentamos num sofá ou banquinho confortável, depois chega-nos o chá indiano com leite, com ou sem açúcar, e finalmente começam a mostrar-nos as coisas. Não necessariamente aquelas coisas que entrámos na loja para ver, outras coisas que, nos dizem, nem imaginamos que queremos.

Como se sabe, o preço é uma coisa muito relativa, quanto mais artigos comprarmos maior é o desconto, e há sempre desconto, mas também pagamos sempre mais do que o artigo vale na realidade. O importante é encontrar um equilíbrio.

O grande problema começa quando não gostamos de nada e queremos ir embora.
Começam por nos dizer que mesmo não gostando de uma certa coisa podemos sempre levar de souvenir para amigos. Depois fazem o que poderia muito bem ser chamado de chantagem emocional, dizendo que os artesãos ganham tão pouco e mostram fotografias de alguns que até ficam com deficiências físicas depois de tantos anos a utilizar os instrumentos da arte. Por fim, é possível que alguns, mais directos até culminem num se gastámos tanto dinheiro para chegar até ali porque não gastamos mais um pouco na loja deles? 

Ou seja, fazer compras no melhor sítio que existe para fazer compras pode tornar-se uma grande chatice! E quem pensava, como eu, que tinha aprendido bem a lição em matéria de regateanço só porque deu uma volta nos souks marroquinos, é melhor que esteja preparado para ser surpreendido.

Incredible India!


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